A valorização do setor de construção civil e suas perspectivas para 2024
No ano passado, o setor de construção civil da B3 apresentou um desempenho notável, com 12 das 25 ações listadas tendo um retorno acima de 50%. Cinco dessas empresas dobraram seu valor de mercado. No geral, o valor de mercado dessas companhias cresceu 64,6% em 2023, atingindo R$ 45,7 bilhões, de acordo com um levantamento da consultoria Elos Ayta. Em comparação, o Ibovespa teve um desempenho de 22,3% no mesmo período, e até mesmo as 10 maiores empresas da Bolsa tiveram um aumento de mais de 40%.
Essas altas podem ser explicadas pela queda nos juros e pela expansão do programa Minha Casa, Minha Vida (MCMV). Com o início do ciclo de cortes na taxa Selic e o aumento do limite de financiamento do MCMV, que passou de R$ 264 mil para R$ 350 mil por pessoa, os investidores passaram a apostar nas maiores empresas do setor. Além disso, a ampliação do prazo de pagamento do financiamento da Caixa Econômica Federal, de 360 para 420 meses, também contribuiu para esse crescimento.
As maiores valorizações entre as 10 maiores empresas da Bolsa
- EzTec (EZTC3) - 40,85%
- Direcional (DIRR3) - 46,62%
- MRV (MRVE3) - 47,76%
- Cury (CURY3) - 52,98%
- Even (EVEN3) - 91,88%
- Cyrela (CYRE3) - 93,51%
- Lavvi (LAVV3) - 102,99%
- Moura Dubeux (MDNE3) - 129,43%
- Plano&plano (PLPL3) - 201,35%
- Tenda (TEND3) - 251,42%
Em geral, as empresas que mais se valorizaram estão ligadas ao segmento de menor renda. Bruno Corano, especialista em mercado financeiro, explica que esse foi um dos setores da construção civil mais afetados pela alta da taxa de juros. Empresas como Plano & Plano, Tenda, Lavvi e Cury sofreram muito com o aumento dos juros, já que muitas famílias que compraram imóveis durante a pandemia não conseguiram arcar com as prestações quando as taxas subiram para mais de 13% ao ano. No entanto, com o início dos cortes nos juros, essas empresas começaram a se recuperar rapidamente.
No entanto, o ano de 2024 não começou tão bem para essas companhias. Das dez empresas citadas, apenas duas apresentam valorização positiva no acumulado do ano: Plano & Plano, com 8,42%, e Cury, com 2,56%. Isso se deve principalmente às especulações sobre cortes de juros nos Estados Unidos. Os investidores no mercado estão começando a acreditar que os cortes nos juros não acontecerão em março, mas sim em maio, aguardando dados econômicos mais positivos para que o Federal Reserve, o banco central americano, comece a fazer os ajustes necessários. Isso resultou em uma fuga de investidores para ativos de renda fixa, o que afetou negativamente as bolsas de países emergentes como o Brasil.
No entanto, se a trajetória de cortes de juros se mantiver, as empresas do setor de construção civil tendem a retomar a valorização. "O consumo será reaquecido, principalmente devido aos juros baixos", afirma Bruno Corano. Sendo assim, se tudo ocorrer conforme o planejado - sem grandes impactos como a volta da inflação ou conflitos armados - esse setor tem grandes chances de prosperar.
Ações com bom potencial de investimento
De acordo com Daniel Alberini, diretor de gestão da CTM/TM3, Cyrela, Lavvi e Cury são boas alternativas de investimento. Além disso, Lavvi e Cury possuem participação acionária da própria Cyrela. A XP Investimentos estima um potencial de valorização de 16,23% para a ação da Cyrela, elevando o valor de R$ 22,37 para R$ 26 até o final do ano. Já a Cury tem um potencial de valorização de 13,21%, o que levaria o valor da ação dos atuais R$ 18,55 para R$ 21. A Lavvi é a empresa que apresenta o maior potencial de ganhos, com uma valorização estimada em 24,5%, elevando o valor da ação dos atuais R$ 7,55 para R$ 9,40.
O BTG Pactual recomenda a compra de ações da Tenda, que atualmente está cotada em torno de R$ 9, com um cálculo que sugere que o valor possa chegar a R$ 10,14. Em relação à MRV, o Itaú BBA recomenda a compra de suas ações, estimando que o preço possa atingir R$ 12, em comparação aos atuais R$ 7,90. No entanto, o banco reduziu suas estimativas de lucro para a empresa devido a dificuldades relacionadas à sua subsidiária americana, Resia. O BBA acredita que as vendas da Resia serão afetadas por um ambiente desafiador para o setor imobiliário nos EUA, bem como despesas financeiras mais altas para a MRV.
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