O mistério das malas de dinheiro encontradas em São Paulo
Em uma noite de março de 2022, um motorista avistou uma blitz policial e decidiu dar marcha à ré em meio ao trânsito movimentado da avenida Olavo Fontoura, perto do sambódromo do Anhembi, em São Paulo. Após uma perseguição, a polícia interceptou o veículo e o condutor desembarcou, jogando duas malas no chão. Dentro delas, os policiais encontraram exatos R$ 499.970 em dinheiro vivo. O motorista alegou que o dinheiro pertencia a empresários para financiar uma campanha política, aumentando ainda mais as suspeitas. Esse episódio marcou o início de uma investigação que até hoje não revelou a origem do meio milhão de reais.
A explicação do advogado e a falta de provas
O advogado Alberto Alcolumbre assumiu a propriedade das malas recheadas de dinheiro e afirmou que as transportou de Macapá até São Paulo de carro. Porém, a Justiça negou pela segunda vez a devolução do dinheiro, devido à falta de comprovação de sua origem. O extrato bancário de Alcolumbre não mostrou saldo ou saque correspondentes aos R$ 500 mil, além disso, sua declaração de imposto de renda não era compatível com o valor apreendido. Diante dessas evidências, a investigação concluiu que a origem do dinheiro permanece desconhecida.
Contradições e mudanças de versões na investigação
O motorista que foi detido ao tentar fugir da blitz inicialmente afirmou que havia sido contratado para transportar as malas de dinheiro por um advogado representante de empresários que financiam campanhas políticas. No entanto, em depoimento posterior à Polícia Civil, ele negou que o dinheiro tivesse relação com campanhas eleitorais e o atribuiu a honorários advocatícios, corroborando com a versão de Alberto Alcolumbre. Essas mudanças de versões e a falta de provas concretas levaram o caso a ser arquivado sem a identificação da origem do dinheiro.
As dívidas e a discrepância nos valores
Coincidências à parte, enquanto Alberto Alcolumbre afirmava que as malas de dinheiro seriam utilizadas para subsidiar seus investimentos na região amazônica, ele possuía uma dívida de aproximadamente R$ 544 mil em tributos federais. Essa discrepância nos valores levantou questionamentos sobre a procedência do dinheiro e a veracidade das declarações do advogado.
A transação em dinheiro vivo e possíveis crimes correlatos
O pagamento em dinheiro vivo não é ilegal, porém, é considerado suspeito e atípico. A investigação apontou que transações desse tipo devem ser registradas na declaração de Imposto de Renda dos envolvidos, sob risco de responderem por crime de sonegação fiscal. No entanto, não foi comprovado se o dinheiro apreendido foi declarado à Receita Federal. Além disso, o caso também levantou a possibilidade de crimes como desvio de dinheiro público, lavagem de capitais e sonegação fiscal.
Conclusão
O mistério das malas de dinheiro encontradas em São Paulo revela as complexidades e dificuldades enfrentadas em investigações desse tipo. A falta de provas concretas e as mudanças de versões dificultaram a identificação da origem e do destino do meio milhão de reais apreendido. Enquanto o caso foi arquivado por falta de elementos, o dinheiro permanece apreendido, e caso não seja reclamado ou tenha sua origem comprovada, será incorporado aos cofres do estado de São Paulo.
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