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A semilealdade (por Gustavo Krause)

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Como salvar a democracia diante do avanço da extrema direita

Introdução

No livro "Como salvar a democracia", de Steven Levitsky e Daniel Ziblatt, os autores trazem reflexões importantes sobre a preservação da democracia diante do avanço da extrema direita. Neste artigo, iremos explorar os conceitos apresentados pelos autores e relacioná-los com os acontecimentos recentes, como a vitória de Geert Wilders na Holanda e de Javier Milei na Argentina. Além disso, iremos abordar a importância da ação dos "democratas semileais" na proteção da democracia e a responsabilidade de cada cidadão na defesa desse sistema político.

O papel das ideias e das lideranças políticas

Em seu livro, Levitsky e Ziblatt deixam claro que um presidente autocrático sozinho não é capaz de matar a democracia. Para que isso ocorra, é necessário o apoio e a conivência de políticos tradicionais, chamados pelos autores de "democratas semileais". Esses políticos toleram, ajudam e protegem os autoritários, contribuindo para o enfraquecimento do sistema democrático.

A vitória de Geert Wilders na Holanda e de Javier Milei na Argentina são exemplos claros desse avanço da extrema direita e do perigo que isso representa para a democracia. Wilders, líder populista do PVV, obteve 37 dos 150 assentos parlamentares, com uma plataforma que inclui a rejeição aos imigrantes, a Islamofobia e um referendo sobre a saída da Holanda da União Europeia. Já Milei, autodenominado anarcocapitalista, levanta bandeiras contra o estabelecido e defende a ausência completa do aparato estatal.

A influência do cientista político Juan Linz

Na obra de Levitsky e Ziblatt, é mencionado o cientista político espanhol Juan Linz como uma referência importante para a compreensão da proteção da democracia. Linz argumenta que, diante de uma ameaça autoritária, políticos comprometidos com a democracia, denominados por ele de "democratas leais", adotam três atitudes fundamentais: condenam publicamente atos antidemocráticos, responsabilizam os culpados mesmo que sejam aliados ideológicos, e trabalham com forças pró-democracia para isolar e derrotar os extremistas antidemocráticos.

Por outro lado, os "democratas semileais" não agem dessa forma. Em vez de expulsar figuras autoritárias, eles as toleram e até colaboram com elas. Não repudiam o compartilhamento autoritário de seus aliados e se recusam a trabalhar com rivais ideológicos para isolar os autoritários.

Essa distinção entre "democratas leais" e "democratas semileais" é crucial para entender o atual cenário político no Brasil e em outros países. A direita brasileira, por exemplo, reconheceu a lisura e a legitimidade das eleições, enquanto a direita americana não aceitou a derrota nas eleições presidenciais de 2020. A existência de uma direita democrática orgânica, como nos Estados Unidos, faz com que o trumpismo continue forte. Já no Brasil, a direita é expressiva, mas o bolsonarismo enfraqueceu.

A importância da luta pela democracia

Diante do crescimento das forças políticas extremas, é fundamental que todos os cidadãos se engajem na proteção da democracia. Defender a democracia não é tarefa fácil, mas é um dever cívico que requer persistência, ativismo e compromisso ético com as novas gerações.

A lealdade à democracia não pode ser relativizada. Os extremos políticos aprofundam a polarização e colocam em risco as bases de uma sociedade aberta, onde as liberdades individuais são garantidas e os poderes são limitados. É necessário rejeitar a semilealdade em relação à democracia, que contribui para a manutenção dos autoritários no poder. A ação dos "democratas leais", condenando atos antidemocráticos e trabalhando em conjunto para isolar os extremistas, é essencial para garantir a preservação desse sistema político.

Conclusão

A obra "Como salvar a democracia", de Steven Levitsky e Daniel Ziblatt, traz reflexões importantes sobre a proteção da democracia diante do avanço da extrema direita. A vitória de líderes populistas como Geert Wilders e Javier Milei é um alerta para a necessidade de combater o autoritarismo e a intolerância política. A ação dos "democratas leais" é fundamental para o fortalecimento da democracia e a preservação das liberdades individuais. Cabe a cada cidadão engajar-se nessa luta diária em defesa da democracia, garantindo que as novas gerações possam desfrutar de um sistema político justo e aberto.

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