A soltura de pipas pode causar acidentes graves e até mesmo a morte de animais silvestres
A prática de soltar pipas é tradicional e muito popular, principalmente entre as crianças. No entanto, é importante ressaltar que essa atividade também pode trazer graves consequências, não apenas para os seres humanos, mas também para os animais silvestres, em especial as aves. Recentemente, alguns incidentes envolvendo animais feridos por linhas de pipa foram registrados no Cras da Mata Ciliar, em Jundiaí (SP).
Entre os animais afetados, destacam-se um tucano-toco, uma coruja-orelhuda e um pica-pau-do-campo. O tucano-toco foi entregue no dia 15 de setembro pela Guarda Municipal de Vinhedo (SP), após ser encontrado machucado em um galpão de uma empresa. Já a coruja-orelhuda foi entregue na terça-feira (19) pela Defesa Civil de Cabreúva (SP), após ser encontrada enroscada na linha de pipa no telhado de uma residência. Por fim, o pica-pau-do-campo chegou na quinta-feira (21), sendo encontrado preso em uma linha de pipa pendurada em um poste de luz de Indaiatuba (SP).
Após análises realizadas pela equipe do Cras da Mata Ciliar, foi constatado que o tucano-toco apresentava uma laceração na região debaixo da asa direita, devido ao corte da linha, o que o impedia de voar. Já a coruja-orelhuda tinha a linha presa na ponta da asa direita, causando um corte superficial. Em relação ao pica-pau-do-campo, foi constatado um corte profundo na asa esquerda, com sangramento ativo.
No momento, o tucano-toco e a coruja-orelhuda estão recebendo tratamento clínico com medicação e apresentam quadros de saúde positivos. Infelizmente, o pica-pau-do-campo não resistiu aos ferimentos e acabou falecendo.
Os riscos das linhas de pipa para as aves
A soltura de pipas com linhas cortantes, normalmente revestidas de cerol (mistura de cola e vidro moído), é uma tradição arraigada em muitas partes do Brasil. Porém, apesar dessa atividade parecer inofensiva, ela pode trazer grandes riscos para as aves silvestres.
As aves, por possuírem uma estrutura corporal leve e delicada, são extremamente vulneráveis a acidentes com linhas de pipa. Quando essas linhas cortantes se tornam um empecilho para o voo das aves, elas podem ficar enroscadas ou até mesmo sofrerem cortes profundos que as incapacitam de buscar alimento, se proteger de predadores e até mesmo de voar.
Além disso, é importante ressaltar que muitas vezes esses acidentes passam despercebidos, pois as aves feridas podem buscar abrigo em locais menos visíveis, como galpões, árvores ou até mesmo telhados de residências.
Impacto na fauna silvestre
O impacto da soltura de pipas com linhas cortantes na fauna silvestre, em especial nas aves, é preocupante. Além dos casos mencionados anteriormente, existem diversos relatos de animais feridos ou mortos em decorrência dessa prática.
Muitas vezes, as linhas de pipa enroscadas nos galhos das árvores se tornam verdadeiras armadilhas para as aves, que podem ficar presas e sofrem as consequências dos cortes profundos causados pelas linhas cortantes. Além disso, a presença de cerol nas linhas de pipa também representa um risco para outras espécies, como os insetos que podem ingeri-lo.
Vale ressaltar que a morte ou o ferimento de animais silvestres é uma violação da legislação ambiental brasileira. De acordo com o Artigo 29 da Lei nº 9.605/98, é crime "matar, perseguir, caçar, apanhar, utilizar espécimes da fauna silvestre, nativos ou em rota migratória, sem a devida permissão, licença ou autorização." Portanto, os responsáveis por práticas que resultam em danos à fauna podem ser penalizados.
Campanhas de conscientização
Diante das graves consequências causadas pela soltura de pipas com linhas cortantes, é fundamental que sejam promovidas campanhas de conscientização para alertar sobre os riscos envolvidos e incentivar a prática responsável e segura dessa atividade.
É importante que os responsáveis pelas crianças sejam orientados quanto ao perigo do uso de linhas cortantes e do cerol. Além disso, é necessário que sejam oferecidas alternativas para a diversão das crianças, como pipas sem linhas cortantes ou brincadeiras que não ofereçam riscos aos animais silvestres.
As escolas, por exemplo, podem desempenhar um papel fundamental na conscientização dos alunos. Através de palestras, atividades educativas e projetos interdisciplinares, é possível disseminar informações sobre a importância da preservação da fauna silvestre e alertar sobre as consequências negativas da soltura de pipas com linhas cortantes.
Além disso, é necessário o apoio das autoridades públicas na fiscalização e no combate à soltura de pipas com linhas cortantes. A aplicação de multas e a conscientização por parte das autoridades podem desestimular essa prática e garantir a segurança dos animais silvestres.
Conclusão
A soltura de pipas com linhas cortantes pode trazer graves consequências para os animais silvestres, especialmente para as aves. Os casos recentes de animais feridos por linhas de pipa registrados no Cras da Mata Ciliar em Jundiaí (SP) são apenas exemplos dos riscos envolvidos.
É fundamental que a sociedade se conscientize sobre esses riscos e adote uma postura responsável em relação à prática de soltar pipas. Ações de conscientização, fiscalização e a busca por alternativas seguras são importantes para preservar a fauna silvestre e evitar acidentes graves e até mesmo a morte de animais.
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